Romance de estréia de Nick McDonell, escrito aos 17 anos, revela o vazio de uma geração abastada
Apesar de algumas exceções, a mais célebre delas o poeta Jean-Arthur Rimbaud, autores precoces sempre foram vistos com suspeição pelos círculos da crítica literária. Aos dezessete anos, o nova-iorquino Nick McDonell inscreveu-se nesta árdua seara com o seu romance de estréia Doze.
Escrito durante as férias escolares, o livro rodou, de mão em mão, em um influente círculo de amigos, foi editado à toque de caixa e já ganhou tradução em dez países. A edição brasileira chega as prateleiras de nossas livrarias por iniciativa da Geração Editorial e o jovem autor, hoje com vinte anos, foi uma das estrelas internacionais presentes na 18ª. Bienal do Livro.
Amigo do pai de Nick, Terry McDonell, o escritor e jornalista Hunter S. Thompson, que trabalhou com Terry nos tempos áureos da Rolling Stone, foi um dos que endossaram a obra do rapaz. Alguns críticos mais entusiasmados chegaram a comparar o romance de estréia do menino prodígio com o revolucionário O Apanhador no Campo de Centeio, do recluso e mítico J.D. Salinger.
O enredo conta a saga de White Mike, jovem que trafega pelo jet-set nova-iorquino abastecendo mentes vazias, com drogas reais e a fictícia doze, que dá nome ao romance. A peregrinação de White Mike pelos ambientes freqüentados por jovens da elite cosmopolita americana revela ao longo de festas regadas a sexo, drogas e violência o vazio de uma geração obcecada com o desbunde de uma vida repleta de excessos, que atesta a pérfida indiferença ao mundo a sua volta e tributa com doses maciças de alienação a ausência de pais milionários, que atravessam o mundo em férias ou a negócios.
A comparação com Salinger, a princípio, parece equivocada e ambiciosa, pois é bom ressaltar que o romance que conta a saga solitária de descobertas e sensação de deslocamento experimentada por Holden Caufield, após ser reprovado no colégio, foi ao lado dos expoentes da literatura beat, um dos pilares do espírito contestador que propagaria a revolução trilhada pela geração que despontaria na década seguinte. Imaginar que um texto que retrata uma geração acometida por um vazio doentio possa ganhar as mesmas proporções seria uma ingenuidade tipicamente adolescente, mas é fato que o jovem autor oferece um contraponto perturbador para a imagem de inocente conservadorismo vendida pelos EUA de George W. Bush. Uma nação que se ampara em reducionismos, como a maniqueísta lua anti-terror, para justificar as barbáries cometidas no oriente-médio, após os atentados de 11/9/2001.
Escrito durante as férias escolares, o livro rodou, de mão em mão, em um influente círculo de amigos, foi editado à toque de caixa e já ganhou tradução em dez países. A edição brasileira chega as prateleiras de nossas livrarias por iniciativa da Geração Editorial e o jovem autor, hoje com vinte anos, foi uma das estrelas internacionais presentes na 18ª. Bienal do Livro.
Amigo do pai de Nick, Terry McDonell, o escritor e jornalista Hunter S. Thompson, que trabalhou com Terry nos tempos áureos da Rolling Stone, foi um dos que endossaram a obra do rapaz. Alguns críticos mais entusiasmados chegaram a comparar o romance de estréia do menino prodígio com o revolucionário O Apanhador no Campo de Centeio, do recluso e mítico J.D. Salinger.
O enredo conta a saga de White Mike, jovem que trafega pelo jet-set nova-iorquino abastecendo mentes vazias, com drogas reais e a fictícia doze, que dá nome ao romance. A peregrinação de White Mike pelos ambientes freqüentados por jovens da elite cosmopolita americana revela ao longo de festas regadas a sexo, drogas e violência o vazio de uma geração obcecada com o desbunde de uma vida repleta de excessos, que atesta a pérfida indiferença ao mundo a sua volta e tributa com doses maciças de alienação a ausência de pais milionários, que atravessam o mundo em férias ou a negócios.
A comparação com Salinger, a princípio, parece equivocada e ambiciosa, pois é bom ressaltar que o romance que conta a saga solitária de descobertas e sensação de deslocamento experimentada por Holden Caufield, após ser reprovado no colégio, foi ao lado dos expoentes da literatura beat, um dos pilares do espírito contestador que propagaria a revolução trilhada pela geração que despontaria na década seguinte. Imaginar que um texto que retrata uma geração acometida por um vazio doentio possa ganhar as mesmas proporções seria uma ingenuidade tipicamente adolescente, mas é fato que o jovem autor oferece um contraponto perturbador para a imagem de inocente conservadorismo vendida pelos EUA de George W. Bush. Uma nação que se ampara em reducionismos, como a maniqueísta lua anti-terror, para justificar as barbáries cometidas no oriente-médio, após os atentados de 11/9/2001.
*Originalmente publicada na revista Elenco, edição 1 (2004).
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